sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Televisão à Cores ou Preto e Branco?

            Li uma reportagem do Michael Stipe [vocal R.E.M] na Rolling Stone onde ele dizia ter visto há muito tempo uma reportagem na revista Cream [1975] em que se fazia uma comparação entre o punk rock e outros estilos de música. A comparação era a seguinte: “ouvir todos os gêneros de música é como assistir à TV em cores e ouvir punk é como assistir em preto-e-branco”.
            Concordo com esta afirmação única e exclusivamente em um aspecto: técnico. O punk rock é um gênero simples [se comparado com outros estilos], porém de extrema força e apelo político, social e cultural. Coisa que está em falta em nosso “país de bundas”.

            Particularmente, não consigo ouvir “todos” gêneros musicais. Não consigo entender e encontrar uma associação/coerência entre os mais diversos estilos existentes. Adotei o Rock n’ Roll em suas mais diversas vertentes não só como um estilo musical, mas como um estilo de vida. Respeito os diferentes gêneros musicais, mas sou adepto do ROCK.
            Não me entra na cabeça o tal do “ecletismo”. Pra mim, isso não existe. É completamente impossível se gostar de “tudo”, não tem como. Afirmo constantemente em família ou entre amigos, quando o assunto é colocado em pauta ... quem gosta de TUDO, na verdade, não gosta mesmo é de NADA. Isso é uma opinião pessoal, passível de concordância ou discordância, mas quem topa “qualquer coisa” automaticamente está afirmando que não gosta de nada ... e ponto.
            Tenho essa discussão quase que periodicamente com meu genitor. Ele é um dos famosos “ecléticos inveterados”. Se você olhar nos porta-CDs no carro dele, encontra um Ozzy Osbourne ao lado de um “Bonde do Tigrão”. Reafirmo e pergunto: COMO isso é possível? Ele tem vários CDs que fazem parte do meu gênero/estilo, mas também vários outros que eu respeito, como Tim Maia, Seu Jorge, Jorge Ben, Chico Buarque, etc.
Apesar de toda essa variedade, lhes pergunto: que som é praticamente uma unanimidade no carro dele? Eis que já lhes respondo, caríssimos: Sertanejo. E ele é um fã assumido de Roberto Carlos. Percebem certa discrepância?
Recentemente tivemos uma discussão sobre os tais “Especiais de Fim de Ano do Robertão”. Quem os agüenta? Sinceramente, nem eu nem a maioria das pessoas que eu conheço agüenta isso. Nem os especiais da Xuxa. Somente os saudosistas, senhores e senhoras de meia-idade que envelheceram ouvindo Roberto e não sei como ainda não enjoaram de ouvir SEMPRE as mesmas músicas. Quase todo ano tem CD novo do RC, uma compilação RANDOM de músicas que ele já gravou e todo mundo na face do Brasil já ouviu pelo menos uma vez. E todo ano meu pai compra. Parabéns Robertão, enganou meu velho de novo.

O que o RC tem de mais pra ser considerado “Rei”? Ele é o Rei porque ele REALMENTE é tão bom assim, ou porque a mídia quis assim? Diz pra mim, não tem NINGUÉM na música nacional que seja tão bom ou melhor que o Roberto? Fiz a pergunta ao meu pai e a resposta foi: “NÃO”! Pasmem!
            Só eu, rockeiro inveterado, poderia enumerar diversos músicos que contribuíram muito mais para o Brasil do que o Roberto. Cito aqui Tom & Vinícius. Precisa de mais? Tem de sobra, é só pensar um pouquinho. E voltando ao assunto “Robertão”, me desculpe, mas sou muito mais o Erasmo!!

Deixo aqui mais uma frase de reflexão, depois desse longo texto:

Como pode-se libertar alguém que não tem coragem de levantar-se e proclamar sua própria liberdade? As pessoas temem a liberdade e conservam cuidadosamente suas próprias correntes.”


Pensem nisso.

Ps.: Quanto ao título do post, nem preciso dizer qual a minha escolha, certo?

Ouvindo: Nightrage - Descent Into Chaos
[“Descoberta” recente. Aprovado.]

2 comentários:

  1. Quem gosta de tudo, na verdade não gosta de nada... Porra, fantástico. E não digo isso só pra puxar a sardinha pro teu lado, hein?

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